O aumento do uso da internet viabilizou a criação e o uso de diversas ferramentas. Uma delas é o reconhecimento facial, que é possível após algoritmos serem aprimorados a partir de fotos compartilhadas pelos usuários nas redes sociais ou em aplicativos que requerem a imagem do rosto, como o FaceApp, que simula como a pessoa seria no gênero oposto ou como será quando envelhecer a partir de uma selfie. Atualmente, a tecnologia é utilizada para diversos fins, tais como desbloqueio do smartphone e captura de criminosos.
Mas, afinal, o reconhecimento facial é seguro? Depende. Isso porque o nível de segurança depende do tipo de tecnologia adotada (leia mais abaixo). Há também discussões acerca da privacidade dos cidadãos. Na Europa, um levantamento mostrou que 80% das pessoas são contra compartilhar os dados de seus rostos com autoridades. A justificativa é a de que o sistema pode ser usado para assistir, localizar e analisar os cidadãos, além de aumentar a possibilidade de fraudes e golpes.
Smartphones
Os primeiros smartphones com sistema de reconhecimento facial para desbloqueio da tela foram lançados há mais de uma década. Teoricamente, ativar este mecanismo no celular garante uma segurança maior em relação ao uso de senhas ou da biometria. Entretanto, as versões mais antigas, sobretudo dos aparelhos com sistema Android, podem apresentar alguns problemas. Por exemplo, há casos onde o desbloqueio foi possível com uma foto do rosto do dono do celular ou, ainda, que o acesso foi negado após um homem tirar a barba.
Boa notícia é que desde 2017, como o lançamento do Face ID pela Apple no iPhone X, essa tecnologia avançou. O modelo envolve o reconhecimento facial 3D que utiliza sensores capazes de mapear aproximadamente 30 mil pontos do rosto do usuário. Com isso, a pessoa consegue desbloquear a tela e acessar outros serviços que dependam de autenticação em poucos segundos. Além disso, a tecnologia permite o reconhecimento do usuário mesmo com chapéu, óculos escuro, diferentes tipos de barba e de penteados.
Segurança pública
Os países têm apostado no reconhecimento facial para identificar criminosos e suspeitos procurados pelas ruas. Ainda que a tecnologia auxilie nesta busca, há controvérsias sobre a efetividade. Um estudo do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) mostrou que algoritmos para identificar o gênero com base no rosto classificaram mulheres de pele escura como homens em 35% das vezes.
Para o Brasil, há o agravante de que a maioria desses sistemas são desenvolvidos em países europeus, asiáticos ou nos Estados Unidos. Portanto, nem sempre estão preparados para identificar com precisão as características e os hábitos da nossa população. Por aqui, 134 criminosos procurados foram presos durante as festividades do Carnaval de 2019, aponta levantamento do Surfshark. O uso de câmeras com reconhecimento facial em áreas públicas é realidade em 92% dos países sul-americanos, diz a pesquisa.
Uso em aeroportos e outros casos
Atualmente, os aeroportos usam o reconhecimento facial para diversos fins. O Brasil adota um sistema automatizado de leitura de passaportes, por exemplo. Em Congonhas (SP), foi testado um projeto-piloto, em 2021, onde o embarque na ponte-aérea Rio-São Paulo foi feito apenas com o uso do reconhecimento facial, sem a necessidade de apresentar os bilhetes. Na Colômbia, o aeroporto internacional de El Dorado possui tecnologia de biometria facial que identifica o passageiro em até dois segundos.
Também em 2021, na China, um jovem que havia sido sequestrado há 14 anos foi localizado após o sequestrador ser identificado por meio do reconhecimento facial. Na pandemia, o governo chinês e a Rússia, apostaram na tecnologia para rastrear pessoas que desrespeitaram a quarentena. O aprimoramento permitiu que os cidadãos fossem identificados mesmo usando máscara. Há um estudo em andamento para identificar indivíduos potencialmente infectados pelo coronavírus com base na temperatura corporal